Marighella, líder da ALN |
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Em Fortaleza, a frustração da tentativa de assalto ao Banco Mercantil do Ceará, em 4 de dezembro de 1969, foi compensada pela realização de algumas ações armadas pelo grupo liderado por José Sales de Oliveira, que assumiu a coordenação das atividades em Fortaleza depois que Sylvio Albuquerque Mota foi para Cuba fazer curso de guerrilha.
Texto completo Em 10 de março de 1970 foi feito um assalto à fábrica de Coca-Cola que rendeu cerca de 8 mil cruzeiros. Nessas ações armadas, devido as condições sócio-econômicas da área, não se registravam ”expropriações” vultosas de estabelecimentos de crédito, como ocorriam nos grandes centros.
O assalto a um trocador de uma empresa de ônibus, os roubos de mimeógrafos e máquinas de escrever nos Institutos de Química e Matemática da UFC e um assalto a um casal nas proximidades do quartel do 23º BC , em julho de 1970, são arroladas como façanhas realizadas pelo grupo de José Sales de Oliveira .
Para tentar melhorar o resultado das ações , foram deslocados para o Ceará, Antônio Espiridião Neto , Waldemar Rodrigues de Menezes e Antônio Carlos Bicalho Lana, militantes recém-chegados de Cuba, diplomados nas escolas de terrorismo da ilha. A organização tinha idéia de iniciar um trabalho de campo na Região do Cariri.
No início de agosto de 1970, o advogado Tarcísio Leitão de Carvalho, considerado o ideólogo da ALN no Ceará, ministrou uma palestra sobre guerra psicológica aos militantes, realizando uma avaliação crítica. Tarcísio assinalou que a organização estava distanciada das massas e sugeriu a criação de um jornal que divulgasse as idéias da ALN, com a finalidade de atrair novos adeptos para a luta armada.
A ALN /CE manteve contato com o PCBR, organização mais bem estruturada na região, surgindo o acordo de realizações em conjunto. Juntas realizaram os assaltos ao carro-pagador do Banco London, em 16 de março de 1970 , e ao Banco do Brasil , em Maranguape, em 11 de agosto deste mesmo ano .
Se as ações armadas, pela freqüência e pelos recursos auferidos, constratavam com a atividade subversiva nos grandes centros, o mesmo não se podia dizer da violência.
Tortura e assassinato
Em 29 de agosto de 1970, o seqüestro e o assassinato do comerciante José Armando Rodrigues , proprietário da Firma Ibiapaba Comercial Ltda, em São Benedito/CE ,
revoltaram a opinião pública. Depois do assalto à loja, os terroristas da ALN levaram José Armando, sob ameaça de revólveres, amarraram-no com cordas para prevenir resistências e o torturaram. Ele foi bárbaramente espancado, conforme laudo cadavérico, depois o assassinaram a tiros e lançaram seu corpo num precipício, na Serra de Ibiapina.
Participaram da ação José Sales de Oliveira, Carlos Timoschenko Soares de Sales, Antonio Espiridião Neto, Francisco William de Motenegro Medeiros, Gilberto Thelmo Sidney Marques e Waldemar Rodrigues de Menezes. Após lançarem o corpo no penhasco os terroristas fugiram rumo a Fortaleza.
Os assaltantes recolheram 32 mil cruzeiros da loja do comerciante sem qualquer reação. Por que o mataram? A resposta à pergunta envolve-se no absurdo quando se sabe que dois de seus assassinos eram os ex-seminaristas Antônio Espiridião Neto e Waldemar Rodrigues de Menezes.
Cabe uma refexão sobre o assunto: onde teriam assimilado tanto ódio e violência? No ensino dos seminários ou na curta estada em Cuba? O fanatismo ideológico teria transformado o modesto comerciante de São Benedito em burguês monopolista, associado ao imperialismo norte-americano? E, mesmo se fosse essa a causa de tanta barbárie, seria justificativa para tanta brutalidade?
Na fuga, a noite, nas cercanias de São Luiz do CURU, o grupo foi cercado, ocorrendo as prisões de Waldemar de Menezes e de Francisco William de Montenegro Medeiros.
Nos dias seguintes, foram realizadas outras prisões, e, com o deslocamento dos principais terroristas para fora da área, desarticulou-se a atuação armada da ALN no Ceará. José Sales de Oliveira deslocou-se para Pernambuco. Antonio Carlos Bicalho Lana, Gilberto Thelmo Sydney Marques e Carlos Timoschenko Soares de Sales dirigiram-se para São Paulo, visando o prosseguimento de suas atividades criminosas em melhores condições de segurança.
Em Pernambuco, da mesma forma, que no Ceará, a ALN ligou-se ao PCBR.
No dia 28 de março de 1970, além de Ronaldo Dutra Machado, foi preso em Recife Perly Cipriano. Em decorrência das investigações, foram desarticulados três "aparelhos" do PCBR e da ALN, com várias prisões.
. Num dos "aparelhos", situado na Rua Pimenteira, em Casa Amarela, houve reação, resultando no ferimento do investigador Joaquim Francisco de Melo. No enfrentamento, também saiu ferido o subversivo Maurício Anisio de Araujo. As prisões prosseguiram com a apreensão de grande quantidade de armamento, munição e explosivos, além de material de impressão. Com essas prisões apurou-se que fora da autoria do grupo da ALN os assaltos à Farmácia de Pronto Socorro Jayme da Fonte e a um posto de gasolina na Avenida Rosa e Silva.
Ao final da operação policial, no dia 31 de março deste ano, haviam sido presos doze elementos do grupo da ALN, em Recife.
Nesta época, Paulo Henrique de Oliveira Rocha Lins, seguindo orientação da Coordenação Centro-Norte, foi deslocado para o Nordeste, com o objetivo de estruturar a organização no Rio Grande do Norte.· Após seguir com Ronaldo Dutra Machado para Recife, os·dois terroristas ficaram homiziados no Colégio Marista, acoitados pelo irmão Aloísio.
Paulo Henrique fez contato com Avelino Batista Neto e, pouco tempo depois, dirigiram-se para o Rio Grande do Norte, onde iniciariam, com orientação de Avelino, que era da área, o trabalho de estruturação da organização no Estado.
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