domingo, 4 de julho de 2010

15/12 - Vasculhando o Orvil - VPR - Capítulo I

 Pela editoria do site www.averdadesufocada.com - fonte Orvil
  
 Bomba no Quartel General do II Exército
 São Paulo- Morte do soldado Mario Kosel
 Ação praticada pela VPR
Vanguarda Popular Revolucionária - VPR
Estava anunciado sábado 12/12  para ontem, com grande propaganda , o livro Pedro e os Lobos,  escrito pelo jornalista e escritor João Roberto Laque. Trata-se da biografia do ex-terrorista Pedro Lobo de Oliveira - Getúlio.
Segundo o convite, o evento seria no Memorial da Resistência, antigo Departamento de Ordem Política e Social  - DOPS. Também como parte do evento , foi programada uma homenagem a Carlos Lamarca .
Seriam oradores do evento :
- Darcy Rodrigues que falaria sobre os planos para a tomada do 4º Regimento de Infantaria , em Quitaúna , em janeiro de 1969 ;e
- Ariston Lucena que narraria a fuga  do Vale da Ribeira . Esse grupo , chefiado por Lamarca, do qual fazia parte , matou à coronhadas o jovem tenente Alberto Mendes Júnior  que, desarmado, se oferecera como refém para salvar seus subordinados que haviam sido feridos em uma emboscada.
Não será de estranhar se Pedro Lobo de Oliveira ,  tiver passado para o escritor a idéia de que ele e seus companheiros seriam os cordeiros e os miltares os lobos.
 Mas , como estamos fazendo há algum tempo, para colaborar com o Projeto Memórias Reveladas, do governo Lula,  vamos transcrever a história da organização a que Pedro Lobo pertencia - a Vanguarda Popular Revolucionária - VPR e alguns crimes que foram praticados por seus militantes . Vocês verão, ao longo da série  do projeto Orvil sobre A Vanguarda Popular Revolucionária, que   o Pedro,  como o sobrenome já diz , estava mais para lobo do que para cordeiro.
 A Vanguarda Popular Revolucionária  - VPRDiversos sargentos, remanescentes, do núcleo de São Paulo do Movimento Nacionalista Revolucionário. de Brizola, muitos com curso em Cuba, procuravam se organizar de acordo com a mesma linha de orientação cubana. Pressurosos em atuar, esse grupo já havia assaltado , no penúltimo dia do ano, o depósito Gato Preto, da Companhia Perus, em Cajamar, São Paulo, roubando 10 caixas de dinamite e 200 detonaaores. Participaram desse assalto: Onofre Pinto, Pedro Lobo de Oliveira - Getúlio, Antonio Raimundo Lucena, José Araújo Nóbrega, José Ronaldo Tavares Lira e Silva e Otacílio Pereira da Silva.
Em janeiro de 1968 , iniciaram-se os encontros formais entre este grupo
 
  Cap americano Charles Chandler
com o grupo de dissidentes da POLOP - Política Operária -,  quando deliberaram atuar em conjunto e traçar os planos para a fusão. Em março, concretizou-se o I Congresso, que fundou a Organização Político Militar  denominada Vanguarda Popular Revolucionária  (VPR) .
A primeira direção da VPR ficou constituída por Wilson Egídio Fava, Waldir Carlos Sarapu e João Carlos Quartin de Moraes,  pelo grupo dissidente da POLOP, e Onofre Pinto, Pedro Lobo de Oliveira  e Diógenes José de Carvalho, pelo núcleo de remanescentes do Movimento Nacionalista Revolucionário.
A VPR estruturou-se, inicialmente, em um Comando Nacional e Comandos Regionais, estes divididos nos setores Logístico, Urbano e Rural ou de Campo. O Setor Logístico era o encarregado de conseguir meios para a organização, através das ações armadas.
No seu início, a VPR não conseguiu definir integralmente a sua 'linha política", engolfada pelas contradições internas advindas de sua dupla origem: a militar e a política. Entretanto, o consenso sobre o foquismo cubano conduziu a organização às atividades puramente militaristas, praticando a ação pela ação, sem uma estratégia de conjunto.
No Movimento Estudantil, a VPR participou das agitações ocorridas em São Paulo, onde conseguiu recrutar diversos estudantes.
No Movimento Operário, atuou nas greves dos metalúrgicos de Osasco, através de seus militantes José Ibrahim e José Campos Barreto.
  
      Darcy Rodrigues
Mas foi na area militar que a VPR mais se notabilizou, graças aos contatos dos ex-sargentos oriundos do Movimento Nacionalista Revolucionário. Possuía uma célula no 4º Regimento de Infantaria (4º RI) em Quitaúna, onde sobressaiam o Sargento Darcy Rodrigues e o Capitão Carlos Lamarca e estava também  infiltrada na Companhia de Policia do Exército, em São Paulo.
Foram dezenas as atividades armadas da VPR catalogadas nesse ano de 1968, desde roubos de carros e assaltos para conseguir dinheiro, armas e explosiVos, até os atos terroristas a bomba e assassinatos, intitulados por eles como "justiçamentos".
Os fatos, a seguir descritos, todos de 1968, em São Paulo,dão, apenas, uma pálida idéia da virulência da VPR, que, em nome 'da "revolução brasileira", roubou, assaltou e matou indiscriminadamente:
- em 7 de março, assalto ao banco Comércio e Indústria,da Rua Guaicurus, na Lapa, considerado como o primeiro assalto a banco da guerrilha urban, no Brasil;
- em 19 de março, atentado a bomba contra a biblioteca do Consulado norte-americano, na Rua Padre Manoel, onde um cstudante Orlando Lovecchio perdeu a perna e mais dois ficaram feridos;
- em 5 de abril, atentado a bomba na sede do Departamento de Policia Federal;
- em 20 de abril, atentado a bomba ao jornal "O Estado de S. Paulo", com 3 feridos;
- em 31 de maio, assalto ao Banco Bradesco, em Rudge
 
     Dulce de Souza Maia - Atentadao ao
     Quartel General do II Exército
Ramos.
- em 22 de junho, assalto ao Hospital Geral de São Paulo, Cambuci, de onde foram roubados 9 fuzis FAL; e
- em 26 de junho, atentado a bomba contra o Quartel General do II Exército , no Ibirapuera, que, além de grandes danos materias, infelizmente matou a sentinela, um jovem de 18 anos, Mario Kosel Filho, e feriu diversos outros. Deste assalto participaram,  entre planejadores e executantes,: Waldir Carlos Sarapu, Wilson Egídio Fava, Pedro Lobo de Oliveira, Onofre Pinto, Diógenes José Carvalho de Oliveira, Dulce de Souza Maia, Eduardo  Leite, José Araújo de Nóbrega, Osvaldo  Antônio dos Santos e Renata Ferraz Guerra de Andrade
- em 28 de junho, assaIto à Pedreira Fortaleza, na rodovia Raposo Tavares, de onde foram roubadas 19 caixas de dinamite e grande quantidade de detonadores;- em 19 de agosto, assalto ao Banco Mercantil de São Paulo, do Itaim;
- em 20 de setembro, assalto ao quartel da Força Pública do Estado de São Paulo, no bairro Barro Branco, onde foi assassinada a sentinela,  soldado Antonio Carlos Jeffery. Autores: Pedro Lobo de Oliveira, Onofre Pinto e Diógenes José Carvalho de Oliveira;
 - em 12 de outubro, assassinato do Capitão do Exército dos Estados Unidos da América, Charles Rodney Chandler, que cursava a Escola de Sociologia e política da Fundação Âlvarez Penteado, a tiros de metralhadora na porta de sua residência, no Sumaré, na frente de sua esposa, um filho de 9 anos e dois menores. Autores: Marco Antônio Brás de Carvalho, Pedro Lobo de Oliveira e Diógenes José Carvalho de Oliveira;
- em 15 de outubro, primeiro assalto ao Banco do Estado de São Paulo, da Rua Iguatemi;
- em 27 de outubro, atentado a bomba contra a loja Sears da Água Branca;
- em 7 de novembro, roubo de um carro na esquina das ruas Carlos Norberto Souza Aranha e Jaime Fonseca Rodrigues, com o assassinato de seu motorista, o senhor Estanislau Ignácio Correa. Autores: Yoshitame Fujimore, Osvaldo Antônio dos Santos e Pedro Lobo de Oliveira- em 6 de dezembro, segundo assalto ao Banco do Estado de São Paulo, da Rua Iguatemi; e
- em 11 de dezembro, assalto a Casa de Armas Diana, na Rua do Seminário, de onde foram roubadas armas e munições e  saiu ferido o senhor Bonifácio Ignore, com um tiro na perna, disparado por José Raimundo da Costa
Milhões de cruzeiros roubados, vultosos danos materiais a propriedades públicas e privadas, ferimentos em dezenas de pessoas e quatro assassinatos foi o saldo trágico da organização VPR, em 1968, primeiro ano de  sua atuação, em atividades "revolucionárias".
Os òrgãos policiais ainda não estavam preparados para enfrentar essa guerrilha urbana, desconheciam os autores dos crimes e muitos eram imputados a marginais. Foi somente no ano seguinte, com a prisão de alguns militantes, que se pôde concluir que esses crimes estavam sendo cometidos em nome da "revolução brasileira".
Essas ações foram praticadas pelos seguintes militantes da VPR: Onofre Pinto, Pedro Lobo de Oliveira, Antônio Raimundo Lucena, José Araújo de Nóbrega,
 
     Tenente Alberto Mendes Junior assassinado a
     coronhadas por Yoshitame Fujimore, Diogenes
     Sobrosa de Souza e Carlos lamarca
José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, Otacílio Pereira da Silva, Cláudio de Souza Ribeiro, Osvaldo Antônio dos Santos, Diógenes José Carvalho de Oliveira, Hamilton Fernando Cunha, Marcos Alberto Martini, Eduardo Leite. Wilson Egídio Fava, Samuel Iavelberg, Ladislas Dowbor, Reinaldo José de Melo, Darcy Rodrigues Melcides Pereira da Silva, Renata Ferraz Guerra de Andrade, Dulce de Souza Maia, Marco Antônio Braz de Carvalho, Hermes Camargo Batista, Yoshitame Fujimore, Antonio Nogueira Filho, Chizuo Ozava, José Raimundo da Costa e Ismael Antonio de Souza.

Em dezembro de 1968, explodiu a crise latente  entre os "militaristas oriundos do Movimento Nacionalista Revolucionário e os políticos ou "leninistas", oriundos da POLOP. Numa reunião, ora chamada de conferência ora de congresso, realizada no litoral paulista - conhecida como a "praianada" -, os "militaristas", apoiados pela adesão de Carlos Lamarca, assumiram a direção da VPR e expulsaram João Carlos Kfouri Quartim de Morais,Wilson Egídio Fava e sua mulher Renata Ferraz Guerra de Andrade, que, em seguida, fugiram para o exterior, sendo o primeiro acusado de ter levado dinheiro para o exterior.

18/12 - Vasculhando o Orvil - VPR - Capítulo II

 
 Ministro Paulo Vannuchi/Pres. Lula/ Ministra Dilma Rousseff
Matéria editada pelo site    
www.averdadesufocada.com       
Por uma  proposta inicialmente defendida  pelo ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) e representantes de familiares de mortos e desaparecidos políticos, será enviada à apreciação do Congresso , por sugestão da Casa Civil, a criação da Comissão da Verdade e da Justiça. Esse projeto de lei deverá estar em pauta até abril.
O anúncio oficial do grupo de trabalho será feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo será presidido pela Casa Civil da Presidência e contará com a participação de representantes dos ministérios da Justiça, Defesa e dos Direitos Humanos. Também serão chamados o presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e um representante da sociedade civil.
 
Esperamos que , se aprovada a criação de tal comissão,  os seus membros começem dando o exemplo de imparcialidade chamando membros do governo, ex- militantes de organizações terroristas, para que em seus depoimentos contem com detalhes  a verdade sobre os seguintes pontos:
- motivação para a luta armada;
- período em que foram iniciados os preparativos para a guerrilha (reuniões, cursos de técnicas de guerrilha na União Soviética, Pequim, Cuba e outros paraisos comunistas);
- a infiltração nos quartéis, no meio estudantil e operário;
-quais as organizações que já existiam antes de 1964 e quais os seus líderesContinuando a série Projeto Orvil, contribuindo antecipadamente para a Comissão da Verdade  e da Justiça, continuamos com a série sobre a Vanguarda Popular Revolucionária;

Ações terroristas da VPR e o destino de alguns de seus membros
Em 1968, as ações de guerrilha urbana perdiam-se no anonimato de seus autores e, muitas vezes, eram até confundidas com as.atividades de simples marginais. De acordo com os
  
 Diogenes José Carvalho de
 Oliveira
dirigentes  de algumas organizações militaristas, já chegara o momento do público tomar conhecimento da luta .armada·revolucionária em curso, o que poderia ser feito através de uma ação que repercutisse no Brasil e no exterior.
Em setembro, Marco Antonio  Braz de Carvalho, o "Marquit:o",. homem de confiança de Marighela - que dirigia o Agrupamento Comunista   de São Paulo -, e que fazia a ligação com a VPR, levou para Onofre Pinto, então coordenador-geral da VPR, a possibilidade de ser realizada uma  ação - o "justiçamento" do capitão do Exército dos Estados Unidos da América, Charles Rodney Chandler,  aluno bolsista da Escola de Sociologia e Política, da Fundação Âlvares Penteado,  que morava em São Paulo com a esposa .e dois filhos pequenos. Entretanto, segundo os "guerrilheiros", Chandler era um "agente da CIA" e "encontrava-se no Brasil com a missão de assessorar a ditadura militar na repressão". O que na realidade , não era verdade.
No inicio de outubro, um "tribunal revolucionário", integrado por três dirigentes da VPR ,Onofre Pinto, como presidente, João Carlos Kfouri Quartim de Morais e Ladislas Dowbor, como membros-, condenou o Capitão Chandler a morte.  Dulce de Souza Maia, fez o levantamento dos horários habituais de entrada e saida de casa, costumes, roupas que costumava usar, aspectos de sua personalidade e dados sobre os familiares e sobre o local em que residia, numa casa da Rua Petrópolis, nº 375, no tranquilo bairro do Sumuré, em São Paulo.
Escolhido o "grupo de execução", integrado por Pedro Lobo de Oliveira, Diógenes José Carvalho de Oliveira e Marco Antonio Braz de Carvalho,  nada é mais convincente, para demonstrar a frieza do
  
          Onofre Pinto
assassinato do que se transcrever trechos do depoimento de Pedro Lobo de Oliveira, um dos criminosos, publicado no livro
A Esquerda Armada no Brasil" - Prêmio Testemunho 1973 da Casa de Las Américas - Moraes Editor - Lisboa - Portugal:
"Como já relatei,  o grupo executor ficou integrado por três companheiros: um deles levaria uma pistola-metralhadora INA, com três carregadores de 30 balas cada um ; o outro, um revolver; e eu, que seria o motorista, uma granada e outro revólver. Além disso, no carro estaria também uma carabina M-2,a ser utilizada se ´fôssemos perseguidos pela força repressiva do regime. Consideramos desnecessária cobertura armada para aquela ação. Tratava-se de uma ação simples. três combatentes revolucionários decididos são suficientes para realizar uma ação de justiçamento nessas condições. Considerando o nível em, que se encontrava a repressão, naquela altura,  entendemos que não era necessária a cobertura armada."

A data escolhida para o crime foi o 8 de outubro, que assinalava o primeiro aniversário da morte de Guevara. Entretanto, nesse dia, Chandler não saiu de casa e os três terroristas decidiram  "suspender a ação". Quatro dias depois, em 12 de outubro de 1968, chegaram ao local às 7 horas. Às 8 horas e 15 minutos, Chandler dirigiu-se para a garagem e retirou o·seu carro, em marcha a ré. Enquanto seu filho, de 9 anos, abria o portão, sua esposa aguardava na porta da casa, para dar-lhe o adeus. Não sabia que. seria o último.
Os terroristas avançaram com o Volkswagen, roubado dias antes, e bloquearam o caminho do carro de Chandler.
Leiam o relato de Pedro Lobo:
" Nesse instante, um dos meus companheiros saltou do Volks, revólver na mão, e disparou contra Chandler".
 Era Diógenes José Carvalho de Oliveira, que descarregava, a queima roupa, os seis tiros de seu Taurus de calibre .38.
E prossegue Pedro Lobo, que dirigia o Volks:

" Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro aproximou-se com a metralhadora INA e desferiu uma rajada. A décima quinta bala não deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não havia necessidade de continuar disparando . Chandler estava morto. Quando recebeu a rajada de metralhadora emitiu uma espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava morto".

Quem portava a metralhadora era Marco Antonio Braz de Carvalho.
A esposa e o filho de Chandler gritaram. Diógenes apontou o revólver para o menino que, apavorado, fugiu correndo para a casa da vizinha. Após Pedro Lobo ter lançado os panfletos, nos, quais era dito que o assassinato fora cometido em nome da revolução brasileira, os três terroristas fugiram no Volks, em desabalada carreira.
Ê interessante observarmos o destino dos sete envolvidos no crime:
-Marco Antonio Braz de Carvalho ("Marquito"), que deu a rajada de metralhadora, morreu em 26 de janeiro de 1969, após troca de tiros com a policia.
-Onofre Pinto -"Augusto"-,o presidente do "tribunal revolucionário" que condenou Chandler à morte, ex-sargento do Exército, foi preso em 2 de  março de 1969 e banido para o México, em 5 de setembro, trocado pelo Embaixador dos Estados Unidos, que, havia sido seqüestrado. Em outubro, foi a Cuba onde ficou quase.dois anos, tendo feito cursos de guerrilha. Em junho de 1971, foi para o Chile, com cerca de 20 mil dólares. Em maio de 1973, foi expulso da VPR, tendo sido acusado de "conivência com a infiltração policial no nordeste", devido às quedas dessa organização em dezembro de 1972. Temendo ser  "justiçado" pela VPR, fugiu para a Argentina onde desapareceu, misteriosamente, em meados de 1974.
-João Carlos Kfouri Quartim de Morais -"Manoel"-, um dos membros do "tribunal revolucionário", foi expulso da VPR, em janeiro de 1969. Alguns meses depois, fugiu do Brasil, com dinheiro da organização, radicando-se em Paris, onde foi um dos fundadores da revista "Debate". Professor universitário e jornalista, regressou a São Paulo após a anistia, sendo um dos diretores da sucursal da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1983, foi nomeado Secretário de Imprensa do Governo de Franco Montoro, em São Paulo.
-Ladislas Dowbor -"Jamil"-, também membro do "tribunal" ,  foi preso em 21 de abril de 1970 e banido em 15 de junho, para a Argélia, em troca do Embaixador alemão, outro seqüestrado. Após passar por vários países, dentre os quais Suiça, Itália, Polônia, Chile, Portugual,Turquia, Cuba e Guiné-Bissau, retornou ao Brasil, após a anistia, e aqui leciona Economia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na Universidade de Campinas.
-Dulce de Souza Maia -"Judite"-, que realizou os levantamentos sobre Chandler, foi presa em 27 de janeiro de 1969 e banida para a Argélia, em.15 de junho. Tem curso em Cuba e percorreu diversos países, tais como Chile, México, Itália e Guiné-Bissau, onde passou a trabalhar para o seu governo. Retornou a São Paulo em agosto de 1979  passando a desenvolver  .atividades em "movimentos pacifistas", tendo sido eleita, em 1980, presidenta do ,"Comitê de Solidariedade aos Povos do Cone Sul".
- Pedro Lobo de Oliveira - "Getúlio" - o motorista da açaõ criminosa foi preso em 23 de janeiro de 1969, quando pintava um caminhão com as cores do Exército para o assalto ao quartel do 4º Regimento de Infantaria, de Quitaúna/SP. Em 15 de julho de 1970 foi banido para a Argélia em troca do Embaixador alemão. Em fins desse ano foi para Cuba onde fez curso de guerrilha. Após passar por vários países, dentre os quais Chile, Peru, Portugal e República Democrática Alemã, voltou a São Paulo, em novembro de 1980, indo trabalhar como·gerente de um sítio em Pariquera-Açu, de propriedade da familia  de Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de subversivos e um dos dirigentes nacionais do Partido dos Trabalhadores.
-Finalmente, Diógenes José Carvalho de Oliveira  -"Luiz"-, que descarregou o seu revólver em Chandler, foi preso em 30 de janeiro de 1969, quando desenvolvia um trabalho de campo em Paranaíba, em Mato Grosso. Em 14 de março, foi banido para o México, trocado pelo Cônsul japonês (mais um dos diplomatas estrangeiros seqüestrados), indo, logo após, para Cuba. Em junho de 1971, radicou-se no Chile. Com a queda de Allende, em setembro de 1973, foi para o México e, daí, para a Itála, Bélgica e Portugal. Em 1976, passou a trabalhar para o governo da Guiné-Bissau, junto com Dulce de Souza Maia , sua companheira. Após a anistia retornou ao Brasil, indo residir em Porto Alegre, tendo trabalhado como assesspr do vereador Partido Democrático Trabalhista, Valneri Neves Antunes, antigo companheiro de militância na VPR, até outubro de 1986, quando este faleceu vitima de acidente de automóvel.

29/12 - Vasculhando o Orvil - VPR - capítulo III

 
     Dilma Vana Rousseff
 O IV Congresso e os "rachas" da POLOP
Pela editoria do site www.averdadesufocada.com
A intensa doutrinação ideológica pretendida pelo Comitê Nacional da Política Operária (POLOP), que lhe valeu o epíteto de "0rganização doutrinarista", não impediu o surgimento de correntes internas, localizadas nas Secretarias Regionais de Minas Gerais, Guanabara e São Paulo.Em setembro de 1967, a POLOP realizou o seu IV Congresso .Nacional, no qual aprovou o "Programa Socialista para o Brasil, por 16 votos contra 14 - uma pequena maioria que não conseguiu evitar os "rachas' na organização.
D
esde o ano anterior, já existiam divergências com a Secretaria Regional de Minas Gerais, que defendia a Constituinte e se aproximava das organizações que postulavam uma "revolução democrática-nacional". Essa dissidência mineira afastou-se da POLOP e viria a criar, em 1968, o Comando. de Libertação Nacional - COLINA.
 
   Ines Etienne Romeu ao recever o Prêmio Direitos
   Humanos 2009 e Dilma Vana Rousseff
Entre os líderes da dissêncioa estavam: Ângelo Pezzuti, Carlos Alberto Soares de Freitas, Apolo Heringer Lisboa, Herbert Eustáquio de Carvalho, Jorge Raimundo Nahas, Maria José de Carvalho Nahas, Inês Etienne Romeu e Dilma Vana Roussef Linhares ( Linhares de casada ).
Em São Paulo, a minoria da Secretaria Regional havia adotado uma posição foquista, seguindo a orientação do livro "Revolução na Revolução?", de Regis Debray. No Congresso, apresentou teses baseadas na"Resolução Geral" da l COSPAL * , da Organização Latino Americana de Solidariedade OLAS,  realizada em agostode 1967,  em Cuba, e defendeu a constituição de um "Comando Político Militar". Derrotada, essa dissidência paulista - liderada por Wilson Egídio Fava , Waldir Carlos Sarapu e João Carlos Kfouri Quartim de Moraes -, selando antigo namoro com os ex-militares do Movimento Nacionalista Revolucionário - MNR-,  de Brizila, criaria, em 1968 a Vanguarda Popular Revolucionária ( VPR).
Reduzida, praticamente, à metade de seus efetivos a POLOP lançou-se, após o Congresso, em decidida atuação junto ao movimento operário, setor onde não possuia a mesma força que dis.punha junto ao Movimento Estudantil.
Em novembro de 1967, foi divulgado o documento "As razões da Frente da Esquerda Revolucionária", assinado pelo Comitê Nacional da POLOP, pelo Comitê Estadual do PCB do Rio Grande do Sul (dissidência), pelo Comitê Municipal (leninista) do PCB da capital gaúcha e pelo Comitê Secundarista da Guanabara (PCB). Nesse documento, além das criticas à direção do PCB, ficou acertada pelos signatários a constituição de uma Frente de Esquerda Revolucionária, por aqueles que advogavam urna revolução socialista para o Brasil.
No final de 1967, concretizou-se a aproximação da Dissidência Leninista do PCB no Rio Grande do Sul com a POLOP, fusão que seria estabelecida em 1968, formando o Partido Operário Comunista (POC)
 As dissidências da  POLOP dão ínicio a três novas organizações: COLINA, Vanguarda Popular Revolucionária- VPR - e  Partido Operário Comunista - POC.
* Comitê de Solidariedade aos Povos da América Latina: a I COSPAL foi realizada em Havana, Cuba, de 31 Jul a 10 Ago 1967, evento programado um ano antes, quando foi fundada a OLAS (1966). A Resolução Final da COSPAL dizia: “O Brasil é o território ideal para a guerra de guerrilhas. É país limítrofe com quase todos os países sul-americanos e nosso trabalho ali será facilitado pelo fato, mesmo, de existir uma oposição difusa e natural ao regime militar de Castello Branco. O Partido Comunista e os grupos socialistas afins estão dispostos a capitalizar todo o descontentamento, fortalecendo as guerrilhas, lançando-as de diversos pontos do vasto território do Brasil”.
Fonte: Orvil

03/01 - Vasculhando o Orvil - VPR - Capítulo IV

 
  Dilma Rousseff e Franklin Martins - Camaradas
  de armas - Portal Memórias Reveladas
Pela editoria do site
www.averdadesufocada.com
Continuando nosso trabalho visando a  ajudar o governo a  abrir os arquivos dos  chamados " Anos de chumbo" publicamos, hoje, mais um capítulo do Projeto Orvil. Há muito tentamos colaborar com os
Srs Ministros Tarso Genro, Paulo Vannuchi,  Dilma Rousseff, Franklin Martins e outros  que estão fazendo um  "permanente esforço" para mostrar à sociedade a história recente do país e de seus camaradas de luta armada.  Na série Projeto Orvil, os diligentes revisores da história poderão encontrar sugestões de nomes e fatos que precisam ser acrescentados ao Portal Memórias Reveladas ( que nada revela sobre os crimes "dos que lutaram pela democracia") e, agora, para dar subsídios à Comissão da Verdade e da Reconciliação
Nossas pesquisas têm sido em vão . Até o momento nada do que publicamos para auxiliá-los foi usado. Parece-nos que o Portal Memórias Reveladas e a Comissão da Verdade e Reconciliação não estão interessados em revelar nada que desabone seus companheiros de armas Apenas querem revelar " violações de direitos humanos" e " crimes " cometidos por militares. As violações cometidas por eles, os assaltos, os assassinatos, sequestros e atentados a bomba não são crimes são "atos de bravura praticados em defesa da democracia ". Às vezes pensamos que essa comissão está mais para Comissão de Revanchismo do que de reconciliação...
.
O COLINA funde-se com a VPR 
 O ano de 1969 parecia promissor para o COLINA. Seus dois assaltos a bancos, realizados em Belo Horizonte, no ano anterior,haviam-lhe fornecido o
  
     Paulo vannuchi e Tarso Genro - Comissão
     da Verdade  e Reconciliação
 
numerário suficiente para a aquislção de armas e para a instalação de diversos "aparelhos". Suas demais ações armadas - roubo de carros e lançamento de bombas -, dirigidas por Angelo Pezzuti da Silva, foram coroadas de êxito, e a sigla "COLINA" já era respeitada pelas demais organizacões subversivas. Na Guanabara, do mesmo modo, Juarez Guimarães de Brito conduzia as ações. Nos dois estados, diversos assaltos a bancos já estavam planejados, bem como atentados a quartéis e a delegacias de polícia.
Em janeiro, o Comando Nacional (CN) do COLINA difundiu,internamente, o documento "Informe Nacional",  no qual faz um balanço de suas atividades e se vangloria de que a organização "já realiza ações básicas para a montagem do foco e demais tarefas da luta revolucionária, tais como ação de desapropriação, aquisição de material bélico, químico, de saúde, intendência, engenharia, comunicação, etc, contatos e treinamentos no exterior, definição de áreas táticas e estratégicas." Realçou, também, que a sabotagem e o terrorismo "têm sido utilizados" pela organização; a primeira visando, "fundamentalmente, a minar a economia e/ou atingir instalações das forças repressivasl"  e o segundo para"justiçamento ou amedrontamento".
Na tarde de 14 de janeiro de 1969, o COLINA assaltou, simultaneamente, os bancos da Lavoura e Mercantil de Minas Gerais, em Sabará, onde roubaram cerca de 70 milhões de cruzeiros.
Participaram do roubo: Ângelo Pezzuti da Silva, Murilo Pinto da Silva, Afonso Celso Lana Leite, Antonio Pereira Mattos, Erwin Rezende Duarte, João Marques Aguiar, José Raimundo de Oliveira, Júlio Antonio Bittencourt de Almeida, Nilo Sérgio Menezes Macedo, Maria José de Carvalho Nahas, Pedro Paulo Bretas e Reinaldo José de Melo.
Apesar do assalto ter alcançado êxito, ele representou o inicio do desmantelamento do COLINA. Nessa mesma noite, Ângelo Pezzuti da Silva, seu principal dirigente, foi preso. Suas declarações possibilitaram a prisão de diversos militantes, dentre os quais José  Raimundo de Oliveira, do Setor de Terrorismo e Sabotagem, e Pedro Paulo Bretas e Antonio Pereira Mattos, do Setor de Expropriação. Esses depoimentos levaram a polícia desbaratar três "aparelhos" do COLINA, em Belo Horizonte, na madrugada de 29 de janeiro de 1969. À 01.00 h, 11 policiais dirigiram-se para o "aparelho" da Rua Itaí, nº 113, no bairro Santa Efigênia,"entregue" por Ângelo Pezzuti, onde não encontraram ninguém, apenas documentos da organização. Às 02.30 h, foram para o "aparelho" delatado por Pedro Paulo Bretas, na Rua XXXIV, nº 31, no bairro Santa Ignez, onde encontraram explosivos, armas e munições. Às 04.00 h, reforçados por 3 guardas-civis de uma radiopatrrulha,os policiais chegaram no terceiro "aparelho", na Rua Itacarambu, nº 120, bairro São Geraldo, também "entregue" por Pedro Paulo Bretas.
No local, quando disseram ser da policia, foram recebidos por rajadas de metralhadora, disparadas por Murilo Pinto da Silva, irmão de Ângelo Pezzuti, as quais mataram o policial Cecildes Moreira de Faria e o guarda-civil José Antunes Ferreira e feriram, gravemente, o investigador José Reis de Oliveira. No local, foram encontrados armas, munições, fardas da PM, documentos do COLINA e dinheiro dos assaltos, sendo presos sete militantes da organização
 Os sete eram : Murilo Pinto da Silva, Afonso Celso Lana Leite, Maurício Vieira de Paiva, ferido com dois tiros, Nilo Sérgio Menezes Macedo, Júlio Antônio Bittencourt de Almeida , Jorge Raimundo Nahas e sua esposa Maria José de Carvalho Nahas.
Essas prisões, posteriormente seguidas de outras, levaram o pânico aos militantes do COLINA em Minas Gerais, inviabilizando o prosseguimento de suas atividades nesse estado. Como o trabalho na Guanabara prosseguia incólume, foram transferidos para esse estado, onde chegou a ser criado um "Setor dos Deslocados",englobando os militantes mineiros, ainda desestruturados.
Com as "quedas", o COLINA sentiu a necessidade de intensificar o processo de fusâo com a VPR, iniciado no ano anterior, e acelerar os trabalhos de incorporação de outros grupos.
Já havia, desde meados de 1968, no Rio Grande do Sul, um grupo, ainda sem nome, que atuava no meio operário, publicando os jornais "União Operária" e "O Rebelde". Embora não tivesse programa e nem estatuto, defendia as posições foquistas e articulava-se em torno do advogado Carlos Franklin Paixão Araújo,com cerca de 30 militantes
Em novembro de 1968, Carlos Alberto Soares de Freitas já havia feito uma reunião com o grupo numa chácara próxima ao bairro Ipanema, em Porto Alegre, e, em fins de janeiro de 1969, Maria do Carmo Brito  convidou esse grupo gaúcho para uma reunião em março na qual se integraria ao COLINA. Ao mesmo tempo, o COLINA fazia contatos com outros grupos, da Bahia, de Goiás e do próprio Rio Grande do Sul. No início de março foi realizada a reunião prevista na Rua Miguel Lemos, no bairro de Copacabana, à qual compareceram representantes desses grupos .
Participaram da reunião: Carlos Alberto Soares de Freitas, Juarez Guimarães de Brito, Maria do Carmo Brito, Apolo Heringer Lisboa, Herbert Eustáquio de Carvalho, Inês Etienne Romeu, Helvécio Luiz Amorim Ratton e Dilma Vana Rousseff Linhares, pelo COLINA; Carlos Franklin Paixão Araújo e Antonio Luiz de Carvalho, pelo Rio Grande do Sul; Rafton Nascimento Leão, por um grupo de Goiás; Raul David do Valle Júnior e Ida Furstein do Valle, por Brasília; e um elemento de codinomes "Fábio" e "Patrício", representando um grupo da Bahia.
Nas discussões políticas, ficou claro que, para o COLINA, o caráter da revolução era socialista, mas com uma etapa de libertação nacional. Decidiram fazer uma nova reunião, dentro de 60 dias, para efetivar a fusão e deslocar dois militantes do COLINA, Liszt Benjamin Vieira e Cláudio Galeno de Magalhães Linhares ( na época marido de Dilma Rousseff), para intensificar os trabalhos no Rio Grande do Sul.
Ainda no mês de março, o COLINA recebeu a incorporação de dois novos grupos, centrados na Guanabara: o Núcleo Marxista-Leninista  e a Dissidência da Dissidênçia, engrossando seus efetivos e tornando mais forte e importante a organização.
Em 31 de março de 1969, o COLINA executou o assalto ao Banco Andrade Arnaud, na· Rua Visconde da Gávea, nº 92 na Guanabara, onde foram roubados cerca de 45 milhões de cruzeiros e foi assassinado o comerciante Manoel da Silva Dutra.
Em fins de abril, o COLINA realizou um pleno numa casa em Petrópolis, com duração de cerca de 10 dias, ao qual compareceram ,os mesmos representantes dessa organização que estiveram na renião do início de março, com exceçao de Inês Etienne Romeu, e procederam a integração dos grupos do Rio Grande do Sul, de Goiás, da Bahia e de Brasilia. Foi aprovado um novo Programa que apesar de ainda ser, foquista, sustentava a necessidade de realizar um maior trabalho operário e definia o caráter da revolução como sendo socialista, eliminando-se a etapa de libertação nacional. Foi aprovado, também, um projeto de Estatuto e eleito o novo Comando Nacional - CN-, do ex-COLINA.
A partir desse pleno, a organização passou a assinar seus documentos como "ex-COl.INA". O novo CN era integrado por Carlos  Alberto Soares de Freitas, Juarez. Guimarães de Brito, Maria do Carmo Brito, Herbert Eustáquio de Carvalho, Carlos Franklin  Paixão Araújo, Dilma Vana Roussef Linhares e  Carlos Avelino Fonseca Brasil.
Na tarde de 15 de maio, militantes do ex-COLINA assaltaram o Banco Mercantil de Niterói, agência do Mercado São Sebastião, na Avenida Brasil, roubando cerca de 12 milhões de cruzeiros.
Alguns dias depois, houve a primeira reunião do novo CN, em Copacabana, onde foi fixada a estrutura orgânica e foram setorizados os membros da direção, além de traçados os planos para a fusão com a VPR.
Em 28 de maio, após intensa perseguição e tiroteio, foram  presos os militantes Fausto Machado Freire e Marco Antonio de Azevedo Meyer, logo após terem roubado um Aero-Willys, na Rua Barão da Torre, em Ipanema .
A última ação do ex-COLINA, enquanto organização, foi o assalto à agência Urca do União de Bancos Brasileiros, na Guanabara, em 16 de junho de 1969, de onde foram roubados cerca de 27 milhões de cruzeiros. A partir desse mês, foi feita a fusão da organização com a VPR, dando  origem à Vanguarda Armada Revolucionãria-Palmares - VAR-Palmares.

18/01 - Vasculhando o Orvil - VPR - Capítulo V

 18/01 - Pela editoria do site: www.averdadesufocada.comVPR: as"quedas" do primeiro trimestre  de 1969 e a fusão com o COLINAExpurgada daqueles que condenavam o militarismo inconsequente, a VPR iniciou o ano de 1969 com dois assaltos em São Paulo:
-ao Banco Itaú-América, na Rua Jumana, onde levaram cerca de 35 milhões de cruzeiros; e
- ao Banco Aliança do Rio de Janeiro, da Rua Vergueiro, onde foram roubados 20 milhões de cruzeiros.
Mas foi o assalto ao 4º Regimento de Infantaria que desestruturou a VPR, em consequência das prisões ocorridas em 23 de janeiro, em Itapecerica da Serra. Os depoimentos, particularmente os de Pedro Lobo de Oliveira e Oswaldo Antonio dos Santos, proporcionaram, alguns dias depois, as prisões de Dulce de Souza Maia, José Ibrahim, Roque Aparecido da Silva e João Leonardo da Silva Rocha.


 

Em 30 de janeiro, foram presos Otacilio Pereira da Silva e os irmãos Nelson e Pedro Chaves dos Santos, na Fazenda Ariranha, em Paranaiba, no Mato Grosso, local em que a VPR fazia treinamento de guerrilhas. Após as expulsões de dezembro de 1968 e as prisões de janeiro de 1969, dos seis elementos que compunham o Comando Nacional (CN) da VPR restavam três: Waldir Carlos Sarapu, Onofre Pinto e Diógenes José Carvalho de Oliveira.
.Em 11 de fevereiro, em tiroteio na gráfica Urupês, morria Hamilton Fernando Cunha· ("Escoteiro"), militante da ALN, e era ferido José Ronaldo Tavares de Lira e·Silva, da VPR, numa açao em que também foi baleado um policial.
Em 26 de fevereiro, no mesmo dia em que a VPR assaltava o Banco da América, da Rua do Orfanato, levando 102 milhões de cruzeiros, a policia chegou. a um sitio em Cotia, que servia como "aparelho" da organização, denunciado por  Otacílio Pereira da Silva. Seus ocupantes, o casal de militantes Jovelina de Jesus Pereira e Joaquim Gonçalves dos Santos, reagiram à prisão, sendo Joaquim  morto na ocasião.
Dois dias depois, a prisão e.as declarações de Aristenes Nogueira de Almeida, propiciaram que a polícia prendesse, em 2 de março, na Praça da Árvore, em Vila Mariana, dois membros do Comando Nacional - CN -, Onofre Pinto e Diógenes José Carvalho de Oliveira, além de Roberto Cardoso Ferraz do Amaral, Isaias do Vale Almada- marido da cantora Marília Medaglia -, Armando Augusto Vargas Dias, militante do Rio Grande do Sul, e o advogado Antonio Expedito Carvalho Pereira.
As prisões de cerca de 30 militantes, entre os quais os três "militaristas" do CN, e a descoberta de mais de uma dezena de "aparelhos" foi um preço muito caro para.o relativo sucesso tático que a VPR alcançou com o assalto ao 4º RI.
Desestruturada, a VPR organizou um congresso, em abril de 1969, numa casa em Mongaguá, cidade do litoral paulista. Compareceram a esse congresso: Carlos Lamarca, Antônio Roberto Espinosa, Chizuo Ozava ( Mário Japa), Fernando Carlos Mesquita Sampaio Filho e Cláudio de Souza Ribeiro- estes cinco eleitos para o Comando Nacional - CN -, e mais Waldir carlos Sarapu, Darcy Rodrigues, Eduardo Leite - Bacuri -, José Raimundo da Costa, José Campos Barreto,  Roberto das Chagas e Silva, Ana Matilde Tenório da Mota, Celso Lungaretti, José Claudio Telles Cubas e sua mãe Maria Joana Telles Cubas.
No Congresso o grupo de Celso Lungaretti oficializou a sua incorporaçao a VPR, e, em face das "quedas" de janeiro, fevereiro e março, o Setor Logistico foi reformulado, criando-se três Grupos Táticos Armados (GTA), que seriam, doravante , os responsáveis pela execução das .ações armadas. Ficou decidido não mais haver a fusão com a ALN, cujas relações estavam estremecidas desde o roubo das armas do 4º RI, e intensificar a aproximação com o COLINA, para uma próxima fusão.
A partir desse congresso, a VPR reiniciou suas ações armadas:
- assalto a um banco na Rua Duílio, na Lapa./SP .
- em 9 de maio  realizou o assalto simultâneo aos Bancos Federal, Itaú,Sul -Americano e Mercantil de São Paulo, este na Rua Piratininga, na Mooca,SP , cujo gerente, Norberto Draconetti, foi esfaqueado. Nesta ação o guarda-civil Orlando Pinto da Silva foi morto, com dois tiros - um  na nuca e o outro na testa -, por Carlos Lamarca, que se encontrava escondido atrás de uma banca de ,jornais. Na retirada do grupo, Lamarca disparou uma rajada de metralhadora para o ar, como a marcar seu primeiro assalto a banco e sua primeira  morte.
- em 8 de junho, ainda na capital paulista, a VPR assaltou o Hospital Santa Lúcia, na Alameda Ribeirão Preto, levando grande quantidade de equipamento médico.
- no dia 13, foi a vez da agência da Avenida Jabaquara do União de Bancos Brasileiros, com·o roubo de 39 milhóes de cruzeiros.
Reconhecido por populares, foi preso no interior de um cinema, em 28 de junho, o ex-soldado do 4º RI, Carlos Roberto Zanirato. Na manhã do dia seguinte, saindo em diIigências para apontar militantes e "apareIhos"da VPR, Zanirato suicidou -se, atirando-se embaixo das rodas de um ônibus, na Avenida Celso Garcia. De qualquer modo, suas primeiras declarações possibilitaram à polícia chegara a dois" aparelhos", onde foram encontrados documentos e armas da organização: um, na Rua Itaqueri, na  Moóca, onde foi preso, em 29 de junho, Gilson Theodoro de Olivelra, e o outro, na Rua Bonsucesso, no·bairro Belém, em 2 de julho, onde residiam José Araújo de Nóbrega e o casal Tereza Ângelo e Gerson Theodoro de Oliveira, irmão de Gilson.
Nessa época, encerrava-se a primeira fase da VPR. Com a fusão com o COLINA, surgia a Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares -VAR-P.

O ressurgimento da VPRApós o II Congresso do Racha  e a reunião com uma comissão da VAR-P, no bar do Hotel das Paineiras, o grupo do "racha " designou uma Comissão Reestruturadora- Nacional, integrada por Carlos Lamarca, Juarez Guimarães de Brito e Cláudio de Souza Ribeiro, a fim de reorganizar a VPR.
Entretanto o mês de outubro de 1969 foi trágico para a VPR. No dia 14, a prisão de Reinaldo José de Melo, que havia participado da "grande ação"  ( roubo do cofre do Adhemar), possibilitou a identificação de diversos militantes da VAR- Palmares e dos que haviam aderido ao "racha". No dia 16, foi preso Carlos Minc Baumfeld, que também participara do roubo do cofre, e que denunciou o "aparelho" da VPR, na Rua Toroqui, nº 59, em Vila Kosmos, na Guanabara, onde residia oom Sônia Eliane Lafoz e Eremias Delizoikov, que, resistindo a tiros à voz de prisão, morreu no local. Alguns dias depois, a VPR distribuiu um panfleto clamando por  vingança aos seus mortos, particularmente ao Eremias, e ameaçando os militares do Exército: 
"...podem esperar, nós vamos enchê-los de chumbo quente".No inicio de novembro de 1969, foi realizado um Congresso Nacional,na Barra da Tijuca, no Rio, onde entre outros, estiveram presente: Juarez e Maria do Carmo Brito, Cláudio de Souza Ribeiro, Darcy Rodrigues, Herbert Eustáquio de Carvalho, Liszt Benjamin Vieira, Inês Etienne Romeu, Diógenes José Carvalho de Oliveira, Ladislas Dowbor, Sônia Eliane Lafoz,Iara Iavelberg, amante de Lamarca e Osvaldo Soares. Nessa ocasião o "grupo do racha" adotou, oficialmente, o antigo nome de VPR e elegeu um novo Comando Nacional- CN, integrado por Carlos Lamarca, Maria do Carmo Brito e Ladislas Dowbor. Juarez Guimarães de Brito não quis integrar o CN , preferindo ficar em sua assessoria, juntamente com Herbert Eustáquio de Carvalho.
A estrutura foi reformulada, criando-se dois comandos subordinados ao CN: o Comando Rural ou de Campo e o Comando Urbano, que possuía, em cada regional, um Setor de Inteligência e uma Unidade de Combate.
Desde agosto de 1969, a regional de São Paulo da antiga VPR possuia um sítio em Jacupiranga, próximo ao km 254 da BR 116,onde fazia treinamentos de tiro e marchas tipo guerrilha. Lamarca, nomeado comandante-em-chefe da VPR, não havia participado do congresso, pois se encontrava dirigindo esses treinamentos. Entranto, a proximidade dessa área a uma rodovia e a regiões urbana fez com que a VPR  a desmobilizasse e ativasse a área de Registro, no Vale da Ribeira. Além desta,a VPR iniciou a preparação de mais duas áreas de treinamento, visando à implantação de uma futura coluna móvel guerrilheira: em Goiás, para onde: foi enviado o militante Manoel Dias do Nascimento; e na rcgião norte do Rio Grande do Sul, entre Três Passos e Tenente Portela, dirigida por Roberto Antônio de Fortini, que chegou a criar, em dezembro de 1969, uma empresa de "fachada", a "Sociedade Pesqueira Alto Uruguai Ltda".
Em dezembro, a Unidade de Combate da VPR na Guanabara realizou dois assaItos para roubo de armas:
- a um quartel do Exército, em Triagem, quando foram obtidas duas metralhadoras; e
- a um quartel da Aeronáutica, na Avenida Brasil, quando três fuzis foram levados. Nos últimos dias do ano, em "frente" com a ALN, o MRT e a REDE, a VPR assaltou os bancos Itaú-América e Mercantil, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, em São Paulo.
O ano de 1969 encerrou-se com um mau presságio para a VPR. A prisão, em 29 de dezembro, em Nanuque, Minas Gerais, do ex-Cabo do Exército José Mariane Ferreira Alves, que havia participado do roubo de armas do 4º RI, levou a polícia a descobrir as ligações de Lamarca com dois oficiais da ativa do Exército, o Capitão Altair Luchesi Campos e o Tenente Rui Amorim de Lima. Apesar do Cabo Mariane ter optado em ficar na VAR-P, sua militância anterior na VPR possibilitou o desvendamento da infiltração desta organização no Exército.

20/02 - Vasculhando o Orvil - VPR - Capítulo VI

 Pela editoria do site: www.averdadesufocada.com
 Logo após a transcrição da matéria do Orvil, o site fez uma relação de militantes da luta armada citados na matéria, que, caso a Comissão da Verdade seja aprovada pelo Congresso, poderiam ser  chamados para relatar os crimes cometidos e qual a verdadeira intenção da luta armada. Se forem honestos em seus depoimentos,  a verdade que a esquerda deturpa, reescrevendo a história, começaria a ser desvendada. Mas, que não façam como a equipe que pesquisou para produzir  o livro BRASIL: NUNCA MAIS , que esquadrinhou documentos no STM, sem honestidade e isenção. Essa equipe fez a triagem a seu modo, publicando o que interessava, distorcendo os fatos e ignorando os crimes e as intenções dos militantes dessa luta insana. No livro, seus crimes foram omitidos e terroristas e subversivos são endeusados. Vejam a introdução:
"Escreve isto para memória num livro"
(Êxodo 17,14)
  
 Iluminadas por Deus, segundo a
 Bíblia,  pessoas que pregam paz
"Lembrem-se do que aconteceu no passado:
Naqueles dias,
depois que a luz de Deus brilhou sobre vocês,
vocês sofreram muitas coisas,
mas não foram vencidos na luta. "
BRASIL: NUNCA MAIS
Desde quando assaltantes, assassinos, sequestradores e terroristas que matam e mutilam inocentes em atentados a bomba, são pessoas sobre as quais a "luz de Deus "brilhou sobre elas ?
.
VPR: meses de planejamento e sigiloA VPR iniciou o ano de 1970 com uma linha política estabelecida no seu último congresso de novembro do ano anterior, logo após o "racha" - quando se desligou da  VAR - Palmares..
Em janeiro, o Comando Nacional (CN) expediu o "Informe nº 3" no qual analisava a situação do Pais, da esquerda e da organização, e estabelecia um plano de trabalho para esse ano. Ao mesmo tempo, publicou parte dos documentos aprovados no congresso, dos quais se destaca o capitulo referente à "Propaganda Armada". Depois de considerar o novo presidente eleito -  General Emílio Garrastazu Médici - como "um militar totalmente inexpressivo" e o novo governo como o "politicamente mais fraco desde 1964", a VPR apontava o seu inimigo: a burguesia.
Privilegiando a luta armada como a única forma de tomada do poder,
a VPR estabelecia duas tarefas fundamentais para esse ano: a propaganda armada, as ações armadas e a guerrilha rural.Para a organização, a agitação e a propaganda não deveriam, como até agora acontecia, simplesmente inocular nas massas a necessidade de fazer a revolução,  mas mostrar- lhes um quadro revolucionário pronto, para que nele ingressassem, inicialmente, a reboque da vanguarda.
Dentre as ações de propaganda armada, a VPR as caracterizava como sendo de três tipos: as "de repercussão nacional, de grande vulto" ; as "de repercussão local"; e as "de repercussão. interna, dentro da vanguarda, como troca de prisioneiros, justiçamentos de torturadores, etc".  Nestas últimas ações, a VPR enquadrava os justiçamentos dos "dedos-duro" e dos "traidores ", condenados por um "tribunal revolucionário", que poderiam ou não ser divulgados pela organização. As discussões sobre a propaganda armada durariam todo esse ano e seriam intensificadas, a partir do sequestro do embaixador suiço, planejado para dezembro.
Sobre a guerrilha rural a segunda tarefa fundamental desse ano, a VPR afirmava que ela seria desencadeada através de 3 fases:
- na primeira, a preparação dos quadros em áreas de treinamento . A VPR já havia feito um treinamento , de outubro a dezembro de 1969, e, naquele momento, janeiro de 1970, iniciava a implantação de uma nova área de treinamento, na região de registro.
 - na segunda, a implantação de área táticas (AT), onde seriam desencadeadas guerrilhas irregulares; e
- na terceira, a Coluna Móvel Guerrilheira, de fundo, estratégico,e que seria o embrião de um Exército Popular .
. Em carta "Aos Comandantes - de  Unidades de Combate", datada de 7 de janeiro, Carlos Lamarca afirrnava que
"a palavra de ordem é aguçar a luta, em todos os níveis, em todos os lugares". Para realizar todo esse ambicioso plano, a VPR precisava ter uma organização dinâmica que lhe permitisse, com mais facilidade, acionar suas bases sem os entraves de uma estrutura complexa, com excessivos comandos interrnediários.
  
 Na época que militava na luta armada era
conhecido como Ladislas Dowbor  - Jamil
Seu CN era composto por três militantes: Carlos Lamarca, nomeado comandante-em-chefe, Ladislas Dowbor ("Jamil") e Maria do Carmo Brito. Ligados diretamente ao CN, havia as Unidades de Combate (UC), .nos Estados da Guanabara, São.Paulo e Rio Grande do Sul. Apesar de falarem, comumente, em Comando Urbano e Comandos Regionais, eles não existiam como organismos estruturados - o comando de UC confundia-se com o comando regional.
Na Guanabara  havia duas UC. Uma, denominada de  "João Lucas Alves" - UC/JLA -, era comandada por José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, ex-Sargento do Exército, e possuía duas bases
A primeira base era coordenada por Darcy Rodrigues, ex-sargento do Exército, e integrada por Gerson Theodoro de Oliveira , sua companheira Tereza ângelo, Maurício Guilherme da Silveira e Flávio Roberto de Souza; e a segunda, coordenada por José Maurício Gradel e integrada por Sonia Eliane Lafoz, Jesus Paredes Souto, Adair Gonçalves Reis e Cristóvão da Silva Ribeiro.
A UC/JLA, como as demais, possuía uma vida própria, com um Setor de Imprensa, um de Documentação, um de Inteligência, e uma Base Médica, onde se destacava Almir Dutton Ferreira. Os responsáveis eram os seguintes militantes:
 Documentação - Melcides Porcino da Costa e sua companheira Ieda dos Reis Chaves
Inteligência - Celso Lungaretti, Maria Barreto Leite Valdez, Richard Domingues Dulley e sua esposa Ana Maria Aparecida  Peccinini Dulley                                                                
 Base Médica - Almir Dutton Ferreira.
A outra UC estava em gestação e fora denominada "Severino Viana Colou". Era comandada  por Herbert Eustáquio de Carvalho, um ex-estudantede Medicina, vindo do COLINA de
 
       Darcy Rodrigues
Minas Gerais . Ao dirigir-se para a área de treinamento de guerrilha em Registro Herbert  foi substituído por Juarez Guimarães de Brito.
Essa UC era  encarregada de executar pequenas açoes. Integrada, fundamentalmente, por militantes oriundos do Comando Secundarista (COSEC), possuía duas bases :
A primeira, coordenada por Alex Polari de Alverga, era integrada por sua companheira Lúcia Velloso  Maurício,´Paulo Cesar de Amorim Chagas e Vera Lúcia Thimóteo;
a segunda, coordenada por Alfredo Hélio Sirkis, constituía-se de Júlio Cesar Covello Neto e Marco Antonio Esteves da Rocha. Como homem de confiança de Juarez e encarregado de contatos com outras organizações, havia Wellington Moreira Diniz. 
Em São Paulo havia apenas a UC coordenada por José Raimundo da Costa , que possuia  cerca de 20 militantes , e que, em seguida passaria para a cordenação de Ladislas Dowbor.No Rio Grande do Sul, havia a UC "Manoel Raimundo Soares" (UC/MRS), dirigida por Félix Silveira Rosa Neto. Integrada pela companheira de Félix, Eliana Lorentz  Chaves, Fernando Damatta Pimentel, Irgeu João Menegon, Luiz Carlos Dametto, José Clayton da Silva Vanini e Isko Germer, ex-tenente da PM gaúcha. Essa UC havia sido reforçada, em dezembro de 1969, com a entrada de mais  de uma dezena de militantes oriundos do POC.
 Além da área urbana, a VPR passava, nesse início de ano, a dar maior atenção ao trabalho de campo
  
 Alfredo Hélio Sirkis PT/RJ
dirigido pelo próprio Lamarca. Estava iniciando os trabalhos na área de treinamento do Vale do Ribeira, na região de Registro, em São Paulo, e implantava uma futura área tática ( ( AT ) na região de Três Passos, no Norte do Rio Grande do Sul. Fracassara a tentativa de criar uma AT em Goiás, para onde havia sido enviado Manoel Dias do Nascimento.
A mando da organização Antonio Nogueira da Silva Filho comprara uma fazenda no. interior goiano, mas "desbundou" (ou seja, desistiu da subversão) e pediu para sair. Julgado por um Tribunal Revolucionário, por pouco não foi justiçado, sendo expulso pela contagem de 2 x I, com o voto isolado a favor do fuzilamento. O tribunal, constituído por Celso Lungaretti, Ladislas Dowbor e Carlos Alberto Soares de Freitas, expulsou -o em 24 de setembro  de 1969. Com medo, Antonio Nogueira da Silva Filho , ainda em 1969, fugiu para Milão , na Itália.
Em  termos de "frente"- ações praticadas em conjunto  com outras organizações-, a VPR participava com a ALN, a REDE, o POC e o MRT. A VPR fazia, tambèm, contatos com o grupo denominado de Frente de.Libertação Nacional (FLN), liderado pelo ex--major do Exército Joaquim Pires Cerveira. Juntas VPR e FLN realizaram o planejamento de diversas ações, dentre os quais o do seqüestro do embaixador alemão, na Guanabara.
Nesse inicio de 1970, os órgãos de segurança empenhavam - se em descobrir as infiltrações da VPR no Exército, através das declarações do ex-Cabo José Mariane Perreira Alves. Preso ,o Capitão Altair Luchesi Campos negou peremptoriamente as suas ligacões com a VPR e com Lamarca. Ao ser acareado com o Cabo esse lhe disse:
" Vamos ser homens, capitão! Eu caí, estou falando a verdade e, se faço neste momento esta declaração, não é por vingança. Não tenho raiva de nenhum oficial que tenha me dado punição quando soldado. O senhor realmente esteve no aparelho do Lamarca".
Então , em prantos, o Capitão Luchesi confessou suas ligações com a organização.
No exterior, a VPR iniciava a montagem·de uma estrutura em
  
 Fernado Damatta Pimentel - durante a
  luta armada
Cuba, onde se encontrava Onofre Pinto, banido em setembro do ano anterior. Inclusive, já havia conseguido recrutar diversos marinheiros do. ex-MNR que possuiam curso de guerrilha lá realizado. Ao longo dos meses seguintes, esses militantes integrar-se-iam à VPR no Brasil
Os ex-integrantes do MNR recrutados foram : José Maria Ferreira de Araújo, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, Edson Neves Quaresma e José Anselmo dos Santos , além de Aluizio Palhano Pedreira Ferreira, bancário, ex-vice presidente da CGT e ex-presidente da OLAS -organização Latino-americana de Solidariedade..
  
Fernando Pimentel hoje , ex-pre-
feito BH - Coordenador da campa-
nha  eleitoral
Nos dois primeiros meses do ano, a VPR decidiu diminuir o ritmo de suas ações, a fim de não arriscar alguma prisão que pudesse por em risco a área de treinamento. O sigilo era prioritário.  Sua única ação armada, nesse período, foi o assalto ao Centro de Transmissores de Manguinhos, perto da Avenida Brasil, na Guanabara, realizado em 30 de.janeiro. Quatro militantes fardados de militares da Aeronáutica subjugaram a guarda da FAB e levaram três fuzis e àlgumas fardas.
 Na manhã de 27 de fevereiro, um acidente de carro na  estrada das Lágrimas, em São João Clímaco/SP, colocava na mão da polícia Chizuo Ozava ("Mário Japa"), que sabia onde era a área de treinamento. Perguntado sobre o assunto, "Mário Japa" disse que estava localizada em Goiás. Mais uma vez, os órgãos de segurança foram desviados em suas buscas, naturalmente em decorrência do erro inicial. Entretanto, a simples prisão de "Mário Japa" preocupou a VPR e, particularmente Lamarca, internado nas matas de Jacupiranga.
Era preciso, urgentemente, fazer um seqüestro para libertá-lo, ação concretizada em 11 de março, quando foi sequestrado o cónsul japonês em São Paulo.
No Rio Grande do Sul, a  fim de desviar de São Paulo a atencão dos Órgãos de Segurança, a UC/MRS iniciava as ações armadas.
 No dia 2 de março, assaltou um Volks do Banco Brasul, que transportava dinheiro da Companhia Ultragás, levando 65.000 mil cruzeiros.
A relativa inação da VPR nesses dois primeiros meses do ano, seus planejamentos, sua preparação e particularmente o sigilo com que procurava cercar suas ações permitiam prenunciar grandes atividades da organização nos meses  seguintes.
 
 Alex Polari Alverga e
  o Santo - Daime
Transcrito do Projeto Orvil
Outros nomes podem ser encontrados em todas as matérias da série Projeto Orvil e Memórias Reveladas. Relação proposta nessa matéria, pessoas fáceis de serem localizadas:
 
 Maria do Carmo Brito
José Ronaldo Tavares de Lira e Silva
Darcy Rodrigues
Sonia Eliane Lafoz
Celso Lungaretti - blogueiro
Alex Polari de AlvergaAlfredo Hélio Sirkis - Deputado pelo RJ
Ladislas Dowbor.
 Fernando Damatta Pimentel - ex-prefeito de Belo Horizonte e  indicado para coordenar a campanha eleitoral de dilma Rousseff
Chizuo Ozava

06/12 - VASCULHANDO O ORVIL - ALN - Capítulo I

 
 Hienas trabalhando
Capítulo I -  Pela editoria do site
        Lucas Figueiredo continua vasculhando o “Orvil”, “Tentativas de Tomada do Poder”, ou “Livro Secreto do Exército” à procura do que interessa à esquerda. Pelo que declarou, ele conseguiu uma cópia desse livro no início de 2007 e deve estar esquadrinhando-o em busca de alguma coisa que incrimine as Forças Armadas. Lança reportagens nas datas importantes para as Forças Armadas, como a Semana do Exército, já comentadas nesse site (veja Orvil). Lançou outra no dia 26/11, véspera da Intentona Comunista, quando todos os sites que não são vermelhos, lembravam a traição de um grupo de comunistas, liderados por Luis Carlos Prestes, que matou durante a madrugada vários companheiros de farda e muitos civis.
Texto completo

Nesse dia, o Correio Braziliense, em duas páginas, publicou a matéria de Lucas Figueiredo: “O Retirante que a Ditadura matou por engano”, da qual transcrevemos os trechos em negrito:

“Regime militar

Confundido com um guerrilheiro, o caseiro Joaquim Gonçalves dos Santos foi morto por órgãos da repressão, no município de Cotia (SP), em 1969. O caso foi abafado pelas Forças Armadas.”


Alega, Lucas Figueiredo, que chegou a essa conclusão porque “a primeira pista do caso era uma confissão. Uma confissão velada, feita pelo Exército no chamado Livro Negro do Terrorismo no Brasil”, como ele chama o Orvil.


 Agora, como acreditar que ”o caseiro” Joaquim Gonçalves dos Santos era um simples caseiro de um sítio onde a VPR guardava armas, como ele mesmo diz na reportagem, e onde “de vez em quando aparecia alguém para dar uns tiros numa panela velha, testar bombas caseiras ou promover encontros clandestinos.”?

E que caseiro era esse que achava normal, tiros e explosões de bombas? 

Como acreditar que José Nonato Mendes, torneiro mecânico de profissão e nas horas vagas guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), que “recebeu importante missão da cúpula da organização: viajar a Cuba, onde receberia treinamento para se transformar num guerrilheiro profissional”, seria tão ingênuo ao ponto de arranjar, como diz a reportagem, um caseiro que não fosse um militante?

Logo Nonato, que fez parte do I Exército da ALN, enviado por Marighella para Cuba, a fim de fazer curso de guerrilha juntamente com Adilson Ferreira da Silva, Aton Fon Filho, Epitácio Remígio de Araújo, Hans Rudolf Jacob Menz, Otávio Ângelo e Vírgilio Gomes da Silva.


Como ele, tão experiente, que foi selecionado pela cúpula para se especializar em Cuba na arte de fabricar e manusear armas e explosivos, iria deixar um retirante, não se sabe vindo de onde, segundo a reportagem, se de Minas ou do Maranhão, tomando conta de um “aparelho” da ALN ou da VPR ?


Sem referências, o caseiro poderia ser, até, um infiltrado.


Somente uma pessoa que não conheça a história da luta armada, suas medidas de segurança, a compartimentação entre seus membros, poderá acreditar que o retirante morto, na realidade, não era um militante.


Quanto ao fato dele não constar em lista de mortos, Lucas Figueiredo deve perguntar à esquerda. Perguntar aos membros das ONGS de direitos humanos o que aconteceu. Existem alguns mortos que a esquerda não relaciona entre suas vítimas. Pois ele,   militante ou não, foi vítima da luta armada.

Quem sabe se eles não pensam que o caseiro entregou o esconderijo?


Quanto ao fato dos órgãos oficiais terem reagido a tiros, era normal na época, já que iam “estourar” um aparelho de uma organização terrorista que já tinha praticado inúmeros atentados e havia matado 13 combatentes, em assaltos diversos, além de vários civis.


 Se foi assassinato, como é dito na reportagem, por que deixaram  a companheira, Jovelina, viva, para denunciar o crime?


E, se procuravam uma pessoa importante da VPR, por que o matariam se ele não tivesse reagido?


Por que não levá-lo preso para conseguir mais  informações sobre a organização e as pessoas que freqüentavam o sítio?


           Nos próximos capítulos começaremos a transcrever trechos do Orvil, contando a trajetória da ALN e da VPR.

16/12 - VASCULHANDO O ORVIL - ALN - Capítulo II

 Pela editoria do site
No dia 26/11 o Correio Braziliense, em duas páginas, publicou a matéria de Lucas Figueiredo: “O Retirante que a Ditadura matou por engano”, da qual transcrevemos os trechos em negrito:

“Regime militar
Confundido com um guerrilheiro, o caseiro Joaquim Gonçalves dos Santos foi morto por órgãos da repressão, no município de Cotia (SP), em 1969. O caso foi abafado pelas Forças Armadas.” 
Ainda em resposta à reportagem  de Lucas Figueiredo, vamos  continuar vasculhando o Orvil
Texto completo  
Capítulo II     
Origem da ALN 
Antigo militante do PCB e membro do Comitê Central, eleito sucessivamente, nos Congressos de 1954 e 1960, Carlos Marighela constituía-se num dos maiores líderes da Corrente Revolucionária, que tentava radicalizar a linha política do PCB. Sua maior influência era em São Paulo e seus correligionários diziam pertencer à “ Ala Marighela”. 
Em 10 de dezembro de 1966, Marighela já havia enviado uma carta à Executiva do PCB,  na qual renunciava à Comissão Executiva e declarava-se  a favor de uma postura revolucionária
Convidado em caráter especial e sem pedir autorização ao Comitê Central do PCB, Marighela compareceu à I Conferência da OLAS - Organização Latino- Americana de Solidariedade, realizada em Havana em julho/agosto de 1967.Tomando Ciência de sua viagem, o PCB  enviou nota ao PC de Cuba, afirmando que Marighela não estava autorizado a comparecer. Imediatamente,  ainda de Havana , Marighela enviou uma carta à Comissão Executiva do PCB na qual afirmava:
“É evidente que compareci sem pedir permissão ao Comitê Central primeiro porque não tenho que pedir licença para praticar atos revolucionários, segundo porque não reconheço nenhuma autoridade revolucionária, neste Comitê Central, para determinar o que devo, ou não, fazer.”
“(... ) prosseguirei pelo caminho da luta armada, reafirmando minha atitude revolucionária (...) “
 Ao retornar ao Brasil, impregnado das concepções foquistas ( teoria cubana de pequenos grupos de guerrilheiros agindo em várias partes  e com certa independência)  e contando com os dólares cubanos, Marighela denominou o seu grupo,  a “Ala Marighela", de Agrupamento Comunista de São Paulo – AC/SP, que iria dar origem a  Ação Libertadora Nacional – ALN

Em setembro de 1967, Marighela  enviou a primeira turma de militantes para fazer curso de guerrilha em Cuba, o chamado, posteriormente, I Exército da ALN.

 Componentes do I Exército da ALN:
 José Nonato Mendes*, Adilson Ferreira da Silva, Aton Fon Filho, Epitácio Remígio de Araújo, Hans Rudolf Jacob Menz, Otávio Ângelo e Vírgilio Gomes da Silva.

A escolha do “Partidão” ( PCB),  de tomada do poder pela linha pacífica, tornou o AC/SP um pólo de atração para os grupos dissidentes que tinham feito opção  da tomada do poder pela luta armada . A organização ganhou adeptos entre os dissidentes do PCB e de grupos de jovens marxistas oriundos do meio estudantil.

Em fevereiro de 1968, Marighela expunha suas diretrizes no documento “Pronunciamento do Agrupamento Comunista de São Paulo “
A guerrilha, segundo o documento  seria o “embrião do Exército revolucionário”
O trabalho inicial seria nas cidades mas, o movimento para se tornar vitorioso teria de se estender  ao campo para criar o apoio do núcleo armado operário e camponês. 
 Três seriam os princípios básicos adotados pelos revolucionários :
a-   O dever de todo revolucionário é fazer a revolução;
b-   Não se pede licença para praticar atos revolucionários; e
c-  A organização só tem compromisso com a revolução. 
Esta seria a semente de uma das organizações mais violentas que atuariam no Brasil nas décadas de 60 e 70.
Em março de 1968, seguindo suas próprias diretrizes, Marighela chefiou o assalto ao carro pagador do Banco Francês e Italiano, na avenida Santo Amaro, em São Paulo. 

A partir de julho de 1968 os militantes ( I Exército da ALN) retornavam de Cuba, depois de fazer o curso de guerrilha e iniciavam , já treinados militarmente, suas ações criminosas. Marighela investia em sua organização. À mesma época , iniciava-se  o envio de mais  um grupo ( II Exército da ALN), que reunido em Cuba, realizaria o treinamento militar entre março e setembro de 1969. 

 Faziam parte do II Exército da ALN :
Agostinho Fiordelísio, Alex de Paula Xavier Pereira, Antonio Carlos Bicalho Lana, ,Antônio Espiridião Neto, Benjamin de Oliveira Torres Neto, Darcy Toshiko Miaki, Guilherme Otávio Lessin Rodrigues, Isis Dias de Oliveira,  José Júlio de Araújo,  José Luiz Paz Fernandes, José da Silva Tavares, Luiz Almeida de Araújo, Luiz José da Cunha, Márcio Leite Toledo, Maria Amélia de Araújo Silva, Norberto Nhering , Paulo de Tarso Celestino, Renato Leonardo  Martinelli, Ricardo Apgaua Paulo Guilherme, Sérgio Ribeiro Granja, Viriato Xavier de Melo Filho, Waldemar Rodrigues de Menezes, Washington Adalberto Mastrocinque Martins, Yuri Xavier Pereira e Zelik Traj Ber.

AÇÔES DA ALN EM 1968
Já em 1968, apoiado pela chegada do primeiro grupo vindo de Cuba, Marighela liderou alguns assaltos, todos na área de São Paulo.
São da autoria do Agrupamento Comunista de São Paulo -AC/SP As seguintes ações:
- Assalto ao Banco  Comércio e Indústria, Av. São Gabriel, 191:
- Assalto à Agência Bradesco da Alameda Barros com avenida Angélica;
- Assalto ao trem pagador da Estrada de Ferro Santos – Jundiaí;
- Assalto ao carro pagador da Massey Ferguson, Alto de Pinheiros ;
- Assalto à casa de um colecionador de armas, Alameda Ribeirão Preto;
- Atentado contra um carro pertencente a um elemento do Dops de  São Paulo, Avenida Marginal;  
- Atentado a bomba contra a casa de um diretor da Contel.
- Assalto `a Indústria Rochester de Armas e Explosivos, em Mogi das Cruzes.
Esta última ação foi a mais audaciosa desse período, onde cerca de trinta militantes , em treze carros, levaram 23 caixas de dinamite, 21 bananas de gelatina explosiva e 4 sacos de clorato de potássio.

 - Em 12 de outubro de 1968, prosseguindo a escalada de violência , foi assassinado em São Paulo, o Capitão do Exército  dos Estados Unidos Charles Rodney Chandler, por Marco Antônio Brás de Carvalho ( Marquito) , homem de confiança de Marighela, juntamente com outros elementos da VPR . 
As ações do AC/SP, em 1968, limitaram-se a São Paulo e renderam mais de 530mil cruzeiros novos, além de terem acrescentado armas e explosivos ao arsenal da organização. 
Participaram dessas ações os seguintes militantes: 
Aton Fon Filho, Manoel Cyrilo de Oliveira, Denison Luiz de Oliveira, Josef Alprim Filho ,Miguel Nakamura, Francisco Gomes da Silva, Ayrton Medeiros  Caldeville, Maria Aparecida da Costa, João Leonardo da Silva Rocha, Takao Amano, Ney da Costa Falcão, Vinicius Medeiros Caldeville, Carlos Henrique Knapp, Eliane Toscano Samikhowski, Boanerges de Souza Massa, Itobi Alves de Correia Júnior, Caio Venâncio Martins, Ana de Cerqueira Cesar Corbisier Mateus, Carlos Marighela,  Marco Antônio Brás de Carvalho, Arno Press, Virgílio Gomes da Silva, Sérgio Roberto Correia, João Carlos Cavalcanti Reis, Aylton Adalberto Mortati, Celso Antunes Horta, Carlos Eduardo Pires Fleury  e Lauriberto José Reyes.

Lucas Figueiredo,  como pode um homem com a experiência de José Nonato Mendes*, escolhido para fazer curso em Cuba, contratar um caseiro desconhecido, do qual não sabia nem o estado de origem, para tomar conta de um sítio onde os militantes de organizações, como a ALN e a VPR, íam treinar tiro, explodir bombas e esconder armas?

29/12 - VASCULHANDO O ORVIL - Capítulo III

 Pela editoria do site
Capítulo III - ALN

Em abril de 1968, o Agrupamento Comunista de São Paulo - AC/SP lançou o primeiro número do jornal “ O Guerrilheiro”, que tinha como objetivo principal difundir mensagens sobre a  guerrilha brasileira. Constavam da publicação o “ Pronunciamento do Agrupamento Comunista de São Paulo” e a “ Declaração Geral da I Conferência da Olas “, textos de Marighela, que constituíam a ideologia do AC/SP, e sua linha política.
Texto completo
O editorial desse jornal afirmava que, no núcleo armado operário e camponês, existia espaço para o movimento estudantil e demais forças interessadas na revolução. Afirmava, também, que “ o grande objetivo”, era a tomada do poder, que ficaria caracterizada pela destruição do aparelho burocrático militar do Estado e a sua substituição pelo povo armado.


Em 1968 foi difundido também, o documento “Algumas questões sobre as guerrilhas no Brasil “ de autoria de Carlos Marighela. O texto inseria a revolução cubana dentro da revolução mundial, apresentando-a como exemplo da conquista do poder, por meio da guerra de guerrilha.

No texto, Marighela estabelecia três fases principais para a implantação e o sucesso da guerra de guerrilha:

1º - planejamento e preparação da guerrilha;

2º - lançamento e sobrevivência da guerrilha; e

3º - crescimento e sua transformação em guerra de manobra.


Em fins de 1968, Marighela difundiu entre os membros do AC/SP, o documento “Questões de Organização”

O documento anunciava a criação de um centro de aperfeiçoamento, uma escola de formação de guerrilheiros. Preconizava também três frentes de atividades: A Frente Guerrilheira, a Frente de Massas e a Rede de Sustentação.

 Caberia à Frente Guerrilheira , dentro da fixação de Marighela pela ação terrorista, atuar em todas as partes do país . A Frente de Massa teria uma atuação semelhante à Frente Guerrilheira e atuaria nos setores estudantil, operário, camponês e eclesiásticos, e deveria desenvolver ações armadas .
 
 
Participação dos Frades Dominicanos no AC/SP

No início de 1968, Frei Augusto de Rezende Júnior liderou diversas reuniões dentro do Convento dos Dominicanos, na Rua Caiubi, 126, em São Paulo.

 liderou e, Participavam das reuniões:

frei Carlos Alberto Libânio Christo ( frei Beto);

frei Fernando de Brito ( frei Timóteo Martins );

frei João Antônio Caldas Valença( frei Maurício );

frei Tito de Alencar Ramos;

frei Luiz Felipe Ratton;

frei Magno José Vilela; e

frei Francisco Pereira Araújo ( frei Chico).


Essas reuniões visavam uma tomada de posição política, que levou à adesão de vários religiosos ao AC/SP.

O clero já começara a se entrosar com as organizações subversivo-terroristas antes dessas reuniões. Além do AC/SP, frei Beto, um dos mais atuantes dominicanos no apoio à luta armada já entrara em contato com a Vanguarda Popular Revolucionária - VPR , por meio de Dulce de Souza Maia.

 O apoio dos religiosos para com as organizações subversivo-terroristas era o resultado de um longo processo da penetração do marxismo-leninismo no meio da igreja.

O engajamento dos dominicanos foi total. Frei Osvaldo, frei Ivo, frei Ratton, frei Tito e frei Fernando fizeram levantamentos em áreas onde havia atritos fundiários e onde os subversivos pudessem acirrar os conflitos e a luta de classe no campo.

Por medidas de segurança, o trabalho de cada um passou a ser compartimentado. Frei Ivo , “ Pedro”, passou a exercer as funções de motorista de Frei Osvaldo, “Sérgio” ou “Gaspar I” , nos contatos com Marighela; frei Magno, “ Leonardo”, mantinha contato com Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”; e frei Beto, “Vitor” ou “Ronaldo”, ficou com o sistema de imprensa ( O Guerrilheiro)

 

Participação do Movimento Estudantil no AC/SP

 

Rapidamente as idéias de Marighela foram penetrando no meio estudantil e ganhamndo adeptos em várias cidades . Inúmeras lideranças surgiram.

A partir de março de 1968 o AC/SP estabeleceu contato com o Grupo Corrente, de Minas Gerais, liderado por Mário Roberto Galhardo Zanconato , o “ Xuxu”, Em Brasília, em torno de Luís Werneck de Castro Filho e José Carlos Vidal, o “Juca” que fora apresentado a Marighela por Flávio Tavares que já era seu contato, no Rio de Janeiro .

 As atividades criminosas do grupo, iniciadas no começo de 1968, encerrariam o ano no dia 17 de dezembro, com uma bomba que explodiu, às 2 horas da madrugada, no Monumento dos Aviadores da 2ª Guerra Mundial, na Praça 14-Bis, em São Paulo. No local foi deixado um suplemento do Jornal “O guerrilheiro”, com uma “Mensagem aos Brasileiros”, assinada por Carlos Marighela.

 Muitos estudantes, ligados ao AC/SP , alguns já com curso de técnicas de guerrilha em Cuba, largaram as passeatas, as escaramuças de rua, as invasões de faculdades , os quebra-quebras , trocaram os livros pelas armas e explosivos e passaram a fazer parte de um dos grupos ( eram cerca de 29 as organizações ) mais violentos que atuaram na luta armada, a Ação Libertadora Nacional - ALN .

05/01 - VASCULHANDO O ORVIL - ALN -Capítulo IV

 AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL – ALN
Pela editoria do site

Em janeiro de 1969, o  Agrupamento Comunista de São Paulo - AC/SP- , usaria pela primeira vez o nome de Ação Libertadora Nacional - ALN-, no  documento “Sobre Problemas e Princípios Estratégicos”. Este seria o nome utilizado a partir daí pela organização  orientada por  Marighela. Neste ano a ALN  procurou, por meio de vários documentos fixar estratégias, táticas e transmitir técnicas de guerrilha a toda sua estrutura a nível nacional.
Texto completo
Marighela, em seus documentos considerava que todos os grupos ou revolucionários isolados, que defendessem os princípios básicos da ALN , seriam considerados vinculados à organização, embora fossem livres para executar os atos revolucionários que planejassem.
As operações mais complexas, que exigissem um efetivo maior, seriam articuladas pela Coordenação, que planejaria a atuação em conjunto com outro grupo da própria ALN ou “em frente” com outras organizações terroristas.
   Criticava as organizações que buscavam evoluir na base do proselitismo e, pregava sua evolução, sustentada pela ação. Em maio , foi difundido o documento  “ O papel da Ação Revolucionária na Organização” ,onde se lia o seguinte:
(...) “ sendo nosso  caminho o da violência, do radicalismo e do terrorismo, os que afluem à nossa organização não virão enganados, e sim, atraídos pela violência que nos caracteriza.” (...)
 Em agosto, Marighela  difundiu “ O Minimanual do Guerrilheiro Urbano “ , que se tornou o livro de cabeceira  dos terrorista brasileiros e do mundo inteiro.
Em meados de 1969, o coordenador da ALN era  Joaquim Ferreira Câmara, o “ Toledo”, visto que Carlos Marighela viajava, com freqüência, para coordenar o estabelecimento de áreas estratégicas pelo interior  do país.
Estava estruturada e bem organizada a ALN que passaria a agir com grupos independentes entre si, mas que seguiam os princípios básicos estratégicos do minimanual escrito por Marighela, o ideólogo do terror.

ASCENSÃO TERRORISTA EM SÃO PAULO
No início de 1969, a ALN sofreria importantes perdas em São Paulo. Em 26 de janeiro, morria em tiroteio com a polícia um dos principais assessores de Marighela, o coordenador do Grupo Tático Armado ( GTA), Marco Antônio Brás de Carvalho, o “Marquito”, que foi quem metralhou o capitão americano Charles Chandler, na frente de seus filhos. Ainda em janeiro, foram presos Argonauta Pacheco da Silva, coordenador do curso de explosivos e João Leonardo da Silva Rocha, membro do mesmo Grupo Armado.
No início de maio, a ALN realizou uma série de ações violentas.
No dia 7/5/1969 foi assaltado a Agência de Suzano, da União de  Bancos Brasileiros. Durante a fuga, os assaltantes travaram intenso tiroteio com a polícia, com o saldo de 4 vítimas: morreu o investigador José de Carvalho, e ficaram feridos os civis Antônio Maria Comenda Belchior e Ferdinando Eiamini que passavam pelo local. O assaltante Takao Amano, ferido na coxa foi operado por Boanerges Massa na casa do casal Carlos Henrique Knapp e Eliane Toscano Zamikhoski, todos militantes da rede de apóio da ALN , em São Paulo.
Participaram desse assalto: Virgílio Gomes da Silva, Manoel Cyrillo de Oliveira, Aton Fon Filho, Takao Amano, Ney da Costa Falcão e João Batista Zeferino Sales Vani.
Ainda em maio, a ALN realizou um atentado a bomba na empresa “Allis-Chalmers” , na Av. Água Branca, e um assalto à Joalheria Majô, na Alameda Jaú.
No dia 27 de maio, com a finalidade de realizar uma ação que ao mesmo tempo buscava desmoralizar as forças de segurança,  aumentar o arsenal da organização e fazer propaganda da guerrilha, foi feita uma ação contra o 15º Batalhão da Força Pública de SP , na Avenida Cruzeiro do Sul.  Na ação morreu o soldado  Naum José Mantovani que se encontrava de guarda, fuzilado pelos terroristas, que feriram também o soldado Nicácio Conceição Pupo. Atingido na cabeça pelos disparos , o soldado Nicácio  teve o cérebro atingido e ficou com seqüelas serissimas.          Participaram da ação: Celso Antunes Horta , Vírgilio Gomes da Silva, Aton Fon Filho, Carlos Eduardo  Pires Fleury, Maria Aparecida da Costa e Ana Maria de Cerqueira César Corbisier.
Em 04 de Junho ,no assalto ao Banco Tonzan, na Avenida Penha de França, durante a fuga dos terroristas, o soldado da Força Pública de São Paulo  - FPESP -  Boaventura Rodrigues da Silva, foi morto a tiros e teve sua metralhadora roubada.
Na ação o terrorista  Francisco Gomes da Silva saiu ferido com um tiro nas costas. Depois de ser atendido na casa de Carlos Knapp, devido a gravidade do ferimento foi deixado pelos companheiros no hospital Boa Esperança, na estrada de Itapecerica da Serra. A equipe  médica de plantão , verificando que o ferimento era a bala, resolveu denunciar o fato à polícia. Foi , no entanto resgatado por Boanerges Massa , auxiliado por Eliana Toscano Zamikhoski e Paulo de Tarso Venceslau. Os três roubaram uma ambulância, renderam os médicos e retiraram o ferido , levando-o para a casa de praia da militante Sandra Brizola, em Santos.
Continuando a série de ações criminosa, a ALN realizou uma série de assaltos a bancos, supermercados, empresas de transporte coletivo e vários atentados a bomba.
No dia 19 de setembro, a ALN realizou mais uma ação de propaganda armada, desta feita contra a guarnição da rádio patrulha nº 21, que habitualmente permanecia estacionada no Conjunto Nacional , na Avenida Paulista, SP. A guarnição da RP era constituída de dois homens e nas suas proximidades ficava um guarda-civil do policiamento ostensivo. Por volta das 22horas, após saltarem do carro dirigido por Aton fon Filho , Virgílio Gomes da Silva, o comandante da ação, Denison Luis de Oliveira e Manoel Cyrillo de Oliveira Neto  dirigiram-se para a viatura como se fossem solicitar uma informação. Ao mesmo tempo, Takao Amano aproximava-se do guarda-civil.  Takao, num gesto desnecessário de prepotência rendeu o guarda e obrigou-o a colocar-se de joelhos à sua frente, humilhando-o, ao exigir que lhe pedisse clemência. A trinca que se ocupava da Rádio Patrulha ao imaginar ou pressentir uma tentativa de reação, disparou suas armas para o interior da viatura. O soldado da FPESP Pedro Fernandes da Silva , atingido por vários disparos , um deles na coluna, ficou aleijado. Denílson e Virgílio recolheram uma metralhadora e dois revólveres .38, enquanto Takao recolhia um revólver .38 do tripudiado guarda-civil.
Para complementar a “ação revolucionária”, os dois primeiros espalharam gasolina e incendiaram a Rádio Patrulha. Esta seria uma das últimas ações da ALN em São Paulo, no ano de 1969.

Outras ações da ALN em 1969
16/06 - Atentado a bomba nos elevadores da CBI ;
23/06 – Assalto à empresa de ônibus Viação Leste-Oeste;
26/06 – Atentado à bomba contra uma subestação da Light, em Piquete;
08/07 – Assalto à agência do Banco do Brasil, Santo André.
12/07 – Assalto simultâneo ao União de Bancos Brasileiros e à Caixa Econômica Federal, na Av. Guarapira, em Jaçanan;
15/07 – Primeiro assalto à Agência Bradesco na Rua Major Diogo;
24/07 – Assalto contra a União Cultural Brasil- estados Unidos, na Rua Oscar Porto;
Final de julho – assalto ao Supermercado Pão de Açúcar , no bairro Pinheiros;
18/08 – Assalto à Agência do Banco Comércio e Indústria, av. São Gabriel;
24/08 – Atentado a Bomba contra agência da Light;
24/08 – metralhada a vitrina da loja Mappin, que expunha material alusivo à semana do Exército;
29/08 – Assalto à Empresa Instrumental Berse Ltda, rua Agostinho Gomes;
06/09 -  Atentado a bomba no Palácio Episcopal; 
09/09 – Assalto à Agência do Banco Itaú-América, rua Pamplona;
22/09- Segundo assalto à Agência do Bradesco, na Rua Major Diogo;